Filha conta detalhes sobre a morte da mãe após transfusão de sangue: "Jamais imaginei que pudesse ser um erro"

Filha conta detalhes sobre a morte da mãe após transfusão de sangue:

Foto: Vinícius Becker (Diário)

A morte de Nídia Maria Rodrigues da Veiga, 59 anos, ocorrida no dia 7 de agosto, segue sendo investigada pela Polícia Civil de Santa Maria. A suspeita é de que a paciente tenha recebido uma transfusão de sangue incompatível no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde estava internada. Conforme o responsável pela Delegacia de Homicídios de Santa Maria, Adriano De Rossi, o prontuário médico aponta o episódio como um “erro grotesco”.


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Em entrevista ao Diário, a filha da paciente, Ingrid Fernanda Dalmas, relatou como foram as últimas horas da mãe. Nídia fazia tratamento oncológico no Husm desde janeiro de 2024, após diagnóstico de câncer de mama. Já havia passado por cirurgia, sessões de quimioterapia e radioterapia e estava em fase final de um ciclo de medicação. Na semana da internação, havia sido levantada a suspeita de um nódulo no pâncreas, o que levou os médicos a solicitarem novos exames.


Segundo Ingrid, a mãe chegou lúcida ao hospital em 5 de agosto, após queixas de dor abdominal. Ela foi atendida no pronto socorro do Husm, visto que não havia leitos disponíveis na oncologia.


– Na manhã do dia 6, a pressão dela estava baixa, mas depois voltou ao normal. Ela tomou café, almoçou bem e parecia estável. Uma médica passou e disse que os exames estavam bons, que estavam bem melhor – recordou.


Poucas horas depois, uma enfermeira teria informado que seria feita uma transfusão de sangue. De acordo com a filha, não havia prescrição médica para esse procedimento


– Questionei o motivo e a enfermeira disse que era para melhorar as defesas da minha mãe. Como os exames de sangue dela tinham vindo bons, fiquei tranquila. Eu jamais imaginei que pudesse ser um erro – contou..


A transfusão foi iniciada no início da tarde. Minutos depois, Nídia começou a passar mal. 


– Ela pediu para sentar, disse que não conseguia respirar. Corri até a sala das enfermarias e chamei ajuda. Vieram três, tiraram as cobertas, a roupa que ela estava. Minha mãe pedia água o tempo todo e dizia não conseguir respirar. Levaram ela para o corredor da enfermaria e colocaram um monitor, para ver a frequência cardíaca, que eu acho que estava bem alta. E minha mãe reclamando que não conseguia respirar. Foi quando levaram para a sala da emergência – disse Ingrid.


Mais tarde, conforme Ingrid, a família foi comunicada de que o sangue aplicado não era compatível com o da paciente. Nídia foi transferida para a UTI na noite do dia 6 e faleceu na manhã do dia 7. A perícia indica que a causa da morte pode ter sido embolia pulmonar maciça, com a observação de que a complicação poderia ter sido causada pela transfusão equivocada. 


O esposo de Nídia, Antônio Carlos Jardim, relatou ao Diário sua indignação com o caso. 


– Eu estou perplexo com isso. Um hospital desse tamanho. Claro, agora não vai trazer ela de volta, mas a gente quer que não aconteça com outra pessoa esse tipo de coisa que aconteceu com ela. Estou muito chocado. 


Nídia Maria Rodrigues da Veiga, 59 anos, trabalhava como cabelereira em Tupanciretã Foto: Reprodução

A investigação

Em entrevista ao programa Fim de Tarde CDN, da Rádio 93.5, o delegado responsável pelo caso, Adriano De Rossi, afirmou que, no momento, a principal linha de apuração é de homicídio culposo. Segundo De Rossi, o prontuário indica um "erro grotesco"


– Após o início da infusão, a paciente já começou a apresentar sintomas de reação transfusional aguda. Aparentemente, tudo leva a crer que o óbito possa ter sido causado pela transfusão equivocada – afirmou o delegado


​Segundo a investigação, a vítima, que tinha tipo sanguíneo O, recebeu sangue do tipo AB. O prontuário indica ainda que a bolsa não era destinada à paciente, mas a outra pessoa internada.


Nos próximos dias, médicos e outros integrantes do corpo clínico do hospital serão chamados a depor.


– Precisamos entender como funciona toda a metodologia do Husm. Queremos verificar se esse tipo de checagem da bolsa com o nome do paciente é habitual ou não e o que de fato aconteceu nesse caso – explicou De Rossi.


O delegado reforçou que o resultado da necropsia será decisivo para confirmar a causa da morte.


– Só a necropsia pode fechar essa questão. A partir daí, será possível avaliar se haverá indiciamento ou não – concluiu.


O que diz o Husm

Em nota, o Hospital Universitário confirmou a abertura de investigação interna e declarou solidariedade à família:


“O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), informa que já iniciou uma investigação para apurar os fatos que resultaram no falecimento de uma paciente na manhã de quinta-feira (7). A instituição permanece à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário. Nesse momento de profunda dor, o Husm se solidariza com os familiares e amigos da paciente, oferecendo todo o apoio necessário e reafirmando seu respeito à vida, à dignidade humana e à confiança depositada"

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